Carlos Damião

24 de março de 2007

Florianópolis em cinco movimentos

1


Florianópolis não
esconde origens & destinos
seus domínios em
becos-casas-morros-prédios-mansões
ruelas-praças-histórias-casarões
ilha e continente
sorrisos e movimentos
e cães ordinários à solta
como se a liberdade
fosse o cais
– e um navio da Hoepcke
na Rita Maria
gaivotas
e o vento Sul gravitando
asas e folhas secas
– e lenços brancos
: velas de outono
navegação ao Norte :


2


Florianópolis
oculta
e recupera
regenera espaços de aldeia
onde a aldeia ainda se vê
se abraça se toca se encanta
em sentires de olhós e olhares
ponte luz e ferro olhais
oceano nuvem chuva sol noite dia
peixe-pescador
funcionário-servidor
balconistas
secretárias
motoristas
rendeiras
camelôs
mendigos
poetas
aposentados
bruxos e bruxas


3


Florianópolis
gente-calçadão
gente-praça
gente-migrantes
gente-catedral
gente-procissão
gente-mercado
gente-palácio
gente-ônibus – e carros
– e pontes – e avenidas
gente-praias-lagoas
morros-favelas-bairros-shoppings-dunas
trilhas-barcos
velocidade humana
vida que vai-volta
transforma
multiplica estica habita
corre em desatino
violenta o destino
e vive poesia-vento e poesia-sol
fugindo ao poente
no sobrevôo das andorinhas
e dos pardais
os quero-queros as garças e os urubus
montanhas e beira-mar
beira-mangue de lodo
e os cheiros todos
passado-presente


4


Florianópolis e
um sino: a aldeia vive:
um chamado
– do Morro da Bela Vista –
Menino Deus e Caridade
Menino Passos e Dores
drama e fé
encontro da tarde com a noite
velas e fiéis
vozes e ladainhas do
Desterro
– Nossa Senhora
dos vultos e sombras
: a cidade se volta
de volta :
às tantas
à vera


5


Florianópolis
Flopolis
Floripa
Flopis
Fpolis
FLN
FNS
F
Flor
Flor cidade
Cidade Flor


(*) Poema inédito
Ilha de Santa Catarina
22 de março de 2007
© Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução parcial ou integral, desde que citado o autor.

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